Os mantras são uma das maneiras que os sábios encontraram para tentar reproduzir estados conscienciais que eles atingiam e vivenciavam durante suas experiências de Samadhi. São como um "aglutinado" de informações. Mas essas informações não são mentais. Estão além da mente, pois lidam direto com a Realidade Última, com Brahman, O Todo, como queiram chamar. E lá (Brahman), a mente não alcança.... Atribuir a mantras e yantras relações mentais (ou estados de consciência mentais) é um erro, até onde pude compreender. Assim, os mantras em nada têm a ver com inconsciente, consciente ou subconsciente, e sim com a CONSCIÊNCIA MAIOR, ou seja, Brahman. A palavra mantra é a junção de duas outras em sânscrito. Apesar de a tradução corriqueira ser "instrumento da mente", onde MAN é "mente" e TRA é "instrumento", digo a vocês que essa é a tradução errada... MAN, de fato, é MENTE. TRA vem de Trayati, que significa LIBERAÇÃO. Assim, os mantras são ferramentas que nos ajudam a nos "liberar/libertar da mente" (e não liberar a mente, como uma tradução literal pode supor). Ou seja, os mantras são ferramentas para "dissolver a mente". Os mantras, repetidos a esmo mecanicamente, têm pouca ou nenhuma influência sobre a pessoa que a repete. Aí alguns podem estar pensando: ah, mas tem a egrégora, etc. Digo: Segundo o que aprendi fora (e dentro) do corpo com alguns Yogues, o mantra em si não tem egrégora. Agora, a intenção e compreensão afins que se gera DEPOIS da prática do mantra PODE gerar uma egrégora. E mesmo assim, essa egrégora é real para quem tem relação com ela... Assim, qualquer pessoa pode acessar aquilo que acha que o mantra ou a egrégora representa, e não o que ele é de verdade. Repetir algo pela tradição somente não leva a nada. Aliás, a tradição, repetida sem lucidez, leva a manipulação da própria tradição, fazendo com que ela perca sua característica original. A tradição pode até se renovar. Desde que se apóie e não se desvie dos seus conceitos originais. Como aprendi com Ramakrishna, se você está doente, repetir a palavra "remédio" não vai te curar. Você tem que ir e tomar o remédio. Ou seja, você precisa ter a "experiência" do mantra. E essa experiência não vem só com a prática e nem é sinônimo de tempo de prática... Essa experiência da qual Ramakrishna fala é a de perceber LUCIDAMENTE, com o apoio do DISCERNIMENTO e da DISCRIMINAÇÃO (viveka e vijnana), os mecanismos de funcionamento do mesmo. E isso requer um conhecimento mínimo dos conceitos que vão ser praticados (nesse caso, OM, NAMAH e SHIVA). O Mantra OM NAMAH SHIVAYA é um mantra de evocação a Shiva. A tradução literal do mantra seria "Eu Saúdo o Senhor Shiva". Shiva é, segundo a tradição hindu, o terceiro aspecto da trindade. Ele possui vários epítetos (atributos), sendo os mais conhecidos "transformador, o de doce efulgência, o de três olhos" (tryambake)... No entanto, a palavra Shiva é literalmente "o Benevolente". Shiva é a Consciência Pura, o fundamento original do Ser. No yoga e nas correntes védicas ele é chamado de Brahman. Brahman e Shiva representam o mesmo princípio: O Todo, o Absoluto, o Fundamento Original do Ser. Sendo assim, Shiva é normalmente retratado em postura yogue, com rosto sereno, plácido e sempre em paz. Sendo O TODO, nada está fora dele, e portanto, ele é sempre o mesmo, igual em todas as circunstâncias. Mas a maioria das pessoas associa Shiva a movimento, pois está associado a transformação, mudança. E como acabamos de ver, ele é pura quietude, visto que SEMPRE É O MESMO. Se é assim, por que associar ele a transformação, ou até mesmo à destruição? Parece que temos um paradoxo ai, não é mesmo? Mas isso é só aparente. Sendo Shiva a Consciência Pura, o Fundamento do Ser, quando evocado ou "sintonizado", tende a iniciar o "movimento de ajuste de foco" em nós mesmos. Assim, a "energia" de Shiva tem a propriedade de nos mostrar a Realidade Última, ou seja, a nossa própria natureza essencial. Shiva é o destruidor... das ilusões!!!!. Quando isso ocorre, as dualidades da realidade aparente em que vivemos tendem "a se chocar", causando uma sensação aparente de desordem ou mudança. Na verdade, as mudanças ou "viradas de cabeça" que a energia de Shiva provoca não é nada mais do que um "puxão para a Realidade". E quando falo realidade, não falo da realidade ordinária, do dia-a-dia. Falo da Realidade da Consciência como sendo uma e tudo. Falo de um puxão ou um fluxo de energia que se cria no sentido de "movimentar as dualidades em nossa cara" e fazer com que surja a possibilidade de perceber o REAL, o essencial de tudo e em tudo. Como nossa realidade aparente está fundamentada no ego e na mente e seus mecanismos, nas carências emocionais, quando "chamamos" a Consciência/Realidade (Shiva), tudo parece "tremer", se desestabilizar. Mas, na verdade, o que ocorre é que iniciamos a busca pela quietude, ou, como Patanjali diz em seu Yoga Sutra, "se perceber na sua real natureza". Obviamente, nossa real natureza é conflitante com essa realidade aparente. Por tudo o que foi explicado, fica fácil entender o porque de associar Shiva a transformação. Mas vale sempre lembrar: Shiva não faz nada! Ele é sempre o mesmo, quieto, perene e sempre benevolente. Quem se movimenta, quem "treme" é aquilo que chamamos de MENTE que, nas tradições do yoga, da vedanta e do tantra, é composta pelo Ego, Buddhi (mente sutil), Chitta (memórias) e Manas (mente densa). Mas isso é outra estória... :) Concluindo: O mantra Om namah Shivaya é algo como um chamamento pela realidade: OM é o princípio da universalidade, do vir a ser, ou seja, é um gatilho. NAMAH é saúdo, felicito. SHIVAYA é Consciência, Fundamento do Ser.
OM NAMAH SHIVAYA é como um grito de "EU QUERO VER/VIVER A REALIDADE!!!!!"
No entanto, essa Realidade a mente não alcança. OM NAMAH SHIVAYA é, pode-se dizer, o bija, ou a semente do Mahamrityunjaya Mantra:
Om Tryambakam Yajamahe Sugandhim Pushtivardhanam Urvarukamiva Bandhanan Mrityor Mukshiya Maamritat
Eu medito no Senhor de Três Olhos O possuidor da doce efulgência que nutre todo o universo Que ele possa arrancar meu ego Da mesma forma que um agricultor arranca o pepino de sua árvore
VISHNU x SHIVA Já Vishnu é cheio de opulência, de jóias, ligado aos sentidos, ao prazer... É o mantenedor, conservador, como queiram chamar. Agora pergunto: Pra conservar seu corpo você fica quieto? Não... Você come, e pra ter comida você trabalha. Vishnu é puro movimento, é energia! E é por isso que ele é associado ao Prana. Enquanto a quietude do Shiva nos incita à visão do TODO de uma forma mais direta, "dolorosa" e rápida, o movimento de Vishnu nos incita à visão do TODO de uma maneira mais "leve", lenta... e não menos dolorosa... (risos) Mas o que importa é que AMBOS nos levam ao TODO, a Brahman...
Guru Brahma Gurur Vishnu Guru Devo Maheshwaraha Guru Saakshat Para Brahma Tasmai Sree Gurave Namaha
O verdadeiro guru é Brahma. O verdadeiro guru é Vishnu. O verdadeiro guru é Shiva. De todos estes, o Real e Verdadeiro guru é o Supremo Brahman, que habita o seu coração. É a esse guru que deves adorar.
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A Linga ou Lingam é um símbolo do Deus Shiva. Em sanscrito a palavra Lingam significa simbolo. A Linga é também conhecida como Shivalingam ou seja, simbolo de Shiva. Ele é o símbolo do que é invisível mas onipresente. Representa a realidade Suprema...
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Partindo dos três princípios,são representados por Brahma (Criação),Vishnu (Preservação) e Shiva (Destruição/Transformação). Shiva domina a energia de Tamas, que representa a inércia ou ignorância e deve ser eliminada para que haja a renovação....
- Segundo Sanskaras - Upanayana (cerimônia Da Linha Sagrada)
Este é um ritual essencialmente de iniciação,a criança é iniciada para os estudo do Vedas(livro sagrado),com essa marca significa a transição da fase infantil para adolescente iniciando os estudos dos Vedas e Sadhana. O sacramento Upanayana ocorre...
- Universo Criador - Brahman
BRAHMAN ? O panteão hindu tem mais de 300 milhões (sic) de deusas e deuses. Contudo, todos são apenas expressões de um único: BRAHMAN, que encerra em si o Universo todo. Não se trata de um mero panteísmo, mas sim de um Panenteísmo, ie, a combinação...